terça-feira, 22 de abril de 2008

Despedida de faz-de-conta

Aquilo que te escrevo é apenas um conjunto de palavras, que por mais que se elevem em descrições exactas e uma clara explicação não será fácil de perceber...
A chuva continua a cair na minha janela e fico à espera de ter coragem para te dizer isto...
Mas como a boca, os meus dedos vacilam e teimam em encontrar a palavra certa, esperando ganhar tempo para que tu percebas tudo o que nos envolve e assim me impeças de vir embora!
Mas está na hora... sinto o meu coração sozinho, a minha alma desprotegida da tua que sempre a envolveu... Sinto o meu olhar perdido no tempo mesmo quando estás do meu lado. Na verdade, há algum tempo que não estás verdadeiramente do meu lado...
Há algum tempo que as tuas palavras ficaram duras e secas... Há muito que o teu abraço perdeu o sentido de protecção e de aconchego...
Por isso mesmo, acho que está na hora de te dizer que vou embora, que saio daqui um pouco mais leve porque vou deixar de fazer de conta.
Não quero continuar a aceitar uma realidade que já só é de faz-de-conta e que deixou de ser faz-de-conta e cor-de-rosa...
As pessoas que me rodeiam dizem-me para eu seguir em frente... mas mais uma vez é dificil demais dizer adeus... Fechar mais uma caixinha de sonhos! Mas sei que o tenho que fazer e por isso meu pequeno raio de sol de tempos... vou embora.
Não sou corajosa nem me envaideço por ir embora atravês de um papel com algumas frases que por certo não irás entender! Eu, própria, não entendo... Mas sinto que está na hora, pois fiquei tempo demais a acreditar em algo que já nem em sonhos acontecia...
Perdemos a magia dos primeiros tempos, a vontade dos segundos, a persistência dos terceiros e apenas nos restou a acomadação e a falta de cor dos últimos.
Apenas te digo que vou embora... não sei para onde vou, quando e se volto, sequer como vou... Apenas vou...
Sair por esta porta de mala na mão vai ser decerto a dor mais afiada que algum dia irei sentir... Levo meia dúzia de peças de roupa, mas o que levo mais presente comigo são as lembranças de ti e de nós...
Esquece, já não digo nada concreto e coerente...
Por agora, resta-me dizer... Até um dia! Quem sabe a vida encarrega-se de fazer com que nos encontremos de novo... Quem sabe....

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